domingo, 6 de julho de 2014

Odeio Poesias #1

E se a vida fosse simples
se tudo corresse como o  esperado
se houvesse dias bons
e o céu nunca ficasse nublado

E se nossos sonhos de fato se realizassem
Se tudo o que pedíssemos fosse atendido
se não houvesse pedras em nosso caminho
se todos os amores fosses correspondidos

E se a vida fosse mais divertida
Se o medo não existisse
Se os objetivos fossem alcançáveis
Se tudo não fosse consequência da mesmice

E se o poeta fosse feliz
e sua poesia fosse sua vida
Imagina-te nesse mundo
Eu segurando sua mão, você a minha

domingo, 29 de junho de 2014

Odeio John Mayer

          Como qualquer pessoa na face da terra, da galáxia, do universo, eu gosto de música. Faço parte de um seleto grupo de sonhadores e estudantes que tem como objetivo viver financeiramente, profissionalmente e por que não emocionalmente disso. Como todo aspirante musical, tenho meus ídolos, alguns mortos, mas outros ainda vivos. Por um momento, foquemos nos vivos. Sempre que vejo eles tocando em shows abarrotados de fãs enlouquecidos gritando seus nomes, cantando suas canções e vibrando, me sinto mal. Muitas pessoas vêem isso como um puta incentivo, já eu me sinto péssimo e vou explicar porquê. Tenho um ídolo em particular, seu nome é John Mayer, que na minha opinião é um dos maiores guitarristas e compositores que eu já ouvi. Na minha opinião ele é simplesmente fantástico! Ele possui a habilidade com o instrumento invejada por muitos e adorada por muitos mais. Sua sensibilidade com as palavras já fizeram muitos marmanjos chorarem ( Não, eu nunca chorei ouvindo música), assim como seu sorriso já fez muitas mulheres se apaixonarem como adolescentes na puberdade. Ele é o artista perfeito em todos os quesitos! Como adorá-lo sem invejá-lo? eis a questão. Esses dois sentimentos continuam a se conflitar em meu lóbulo frontal cerebral. As vezes quando estou praticando no violão e me atrapalhando nas escalas mais simples que parecem nunca encaixar em meus dedos desengonçados, cantando uma música e desafinando grosseiramente ou comprando cordas novas pra meu violão Giannini de 400 reais, paro um pouco e olho para aquele cara. O cara que possui as técnicas instrumentais impecáveis que eu gostaria de ter, que possui aquela voz suave mas ao mesmo tempo imponente que eu gostaria de ter, que possui os instrumentos feitos pelos melhores luthiers do mundo que eu gostaria de ter, que possui a vida, sim, a vida que eu gostaria de ter. Como não invejar esse filho da puta, mas ao mesmo tempo utilizá-lo como uma puta referência?! Pensando comigo mesmo, acredito que certas pessoas nascem destinadas pra alguma coisa, de fato. Nascem com aquela facilidade tão grande em executar certas coisas, que até dão nomes a isso. Muitos chamam de Dom divino, outros chamam de  talento e alguns chamam de dádiva. Algo tão especial, tão único, que merece um nome.   

Enquanto isso, outras pessoas simplesmente nascem. Nascem pra sonhar. Até não poderem mais.




sábado, 28 de junho de 2014

Odeio a copa

       Hoje foi o dia que o Brasil conseguiu passar das oitavas de final. Passou por um time que até pouco tempo atrás poucos tinham ouvido falar. O Chile. Num jogo bem acirrado, diante de vários tropeços, nossa seleção levou a melhor. Tenho certeza de que o Brasil inteiro se emocionou com a cobranças de pênaltis e com as lindas defesas do goleiro Júlio Cesar. A cada pênalti cobrado com sucesso pela seleção, gritos rasgavam o ar por todos os lugares numa força incontestável. Homens, mulheres, negros, brancos, comunistas e capitalistas, todos juntos gritando um único sentimento, sentimento esse tão fútil que é difícil de comentar. Sentimento esse que não retrata a real necessidade de se gritar. Acho que sou o único brasileiro que esta cagando pra essa copa! Acho que sou o único que enxerga perda de tempo (e dinheiro, muito dinheiro!) que todo esse espetáculo vem nos causando. Merda de Brasileiros idiotas que não enxergam um palmo a frente do nariz! A nação varonil acabou de passar por um período em que revoltas e greves estouraram por todo território nacional. Período em que a insatisfação e o sentimento de revolta imperavam nos quatro cantos do Brasil. Período esse que ainda não completou um ano. Tão recente que ainda da pra escutar os gritos de "abaixo a corrupção" ecoando por entre as avenidas pintadas de verde e amarelo. Mas o futebol tem essa magia! A magia de nos deixar felizes, de nos deixar emocionados, magia essa que nós faz gritar pelos nossos "heróis" que estão no campo. A magia de nos cegar. Então por que não chamar de bruxaria? Uma bruxaria usada desde os nossos ancestrais, que lutaram incansavelmente pra evitar que isso acontecesse. Somos afetados inconscientemente pela cegueira futebolística. Pobres alienados. Enquanto o Brasil se emociona com nosso goleiro, que aos prantos tenta responder as perguntas do jornalista que o enaltece por sua desenvoltura em campo, continuamos com um dos piores sistemas de transporte urbano, pagamos mais impostos que qualquer país europeu e nosso sistema de saúde encontra-se em último lugar no ranking mundial (Lista de Bloomberg, 2013). Enquanto vocês se emocionam, nossos governantes gargalham.